Projeto Bispo do Rosário


PROJETO BISPO DO ROSÁRIO



O Projeto Bispo do Rosário, é um núcleo de pesquisa sobre a vida e obra de Arthur Bispo do Rosário, um núcleo de investigação cênica onde seus participantes irão construir um espetáculo em todo seu processo, seja dramaturgicamente, plasticamente  e cenicamente.


O Ator Como Artista Criador.
 

Para fazer teatro somente uma coisa é necessária:
o elemento humano.Isto não significa que o resto
   não tenha importância, mas não é o principal.
                                                  Peter Brook


A pesquisa norteará um caminho entre as linguagens de todo um processo teatral e seu processo de execução. Onde o artista realiza a partir de sua própria experiência e onde sua dramaturgia dialoga com suas inquietações criativas.
       Este trabalho tem como tema o Ator- Criador, o ator que dentro de um processo teatral específico desempenha mais funções que a de intérprete de um personagem,assume muitas vezes a dramaturgia, cenografia , figurinos,  participa ativamente dessas  construções, sendo figura de total importância dentro deste processo colaborativo.
O ator consciente do processo procurará estabelecer uma conexão entre as várias vertentes da construção de um espetáculo, executando na prática, errando, trocando, pesquisando, experimentando,tentando unificar os caminhos para um só resultado, ou seja, o espetáculo.
       Colocar o ator no centro do trabalho,e através de sua criação ir construindo o espetáculo, assim, todos os sujeitos do grupo que passam a criar em conjunto, aquele que envolvido com o processo criativo, coloca sua experiência, conhecimento e talento a serviço do espetáculo ,rompendo fronteiras , quebrando os espaços fechados e já estabelecidos de criação na construção do espetáculo. 


Este processo de pesquisa que resultará em um espetáculo, visa investigar as etapas de todo um processo teatral, que será estabelecido por artistas criadores, dentro de um processo colaborativo, onde a criação se dará a partir dos intérpretes, e será conduzido (provocado) por uma direção que orientará seus caminhos plastico e cênico.
Estabelecer uma comunicação com o que esta sendo realizado a esse respeito, beber na fonte de outras experiências, e entrelaçar com as experiências vividas.
A realização deste espetáculo surge e vem de encontro a necessidade  de investigar o processo de construção de um espetáculo através da vivência estabelecida em sala de ensaio pelos atores.
. Irá se realizar um registro de todo o processo e estabelecer  uma comunicação com vários artistas-criadores,   realizando assim trocas de experiências em processos criativos.
Este trabalho propõe além da fundamentação de um espetáculo teatral, a montagem e documentação do processo criativo e montagem do espetáculo teatral como resultado desta pesquisa.





 Sobre o Bispo


As artes de Arthur Bispo do Rosário
Com diagnóstico de esquizofrenia-paranóide, ele viveu recluso por meio século e morreu há 20 anos, mas sua obra atravessou os muros da instituição psiquiátrica e obteve reconhecimento
por Luciana Hidalgo


Arthur Bispo do Rosário perambulou numa delicada região entre a realidade e o delírio, a vida e a arte. No refúgio de sua cela no Hospital Nacional dos Alienados, na Praia Vermelha, o paciente psiquiátrico produziu mais de mil obras consagradas no mercado internacional de arte contemporânea. Criou um universo lúdico de bordados, assemblages, estandartes e objetos durante os mais obscuros períodos da psiquiatria – época dos eletrochoques, lobotomias e tratamentos violentos aplicados para o controle de crises. Sem se dar conta, Bispo não só driblou os mecanismos de poder no manicômio como utilizou sobras de materiais dispensados no hospital para criar suas obras, inventando um mundo paralelo, feito para Deus.

Dizia-se um escolhido do todo-poderoso, encarregado de reproduzir o mundo em miniaturas. Eram suas “representações”, afirmava. Paradoxalmente, as obras, que deveriam representar tudo o que havia na Terra acabariam reconhecidas como peças de vanguarda, incluídas por críticos em importantes movimentos artísticos. Sua arte genial chegou a representar o Brasil na prestigiada Bienal de Veneza, além de correr museus pelo mundo, a exemplo do Jeu de Paume, em Paris. Curiosamente, em vida, Bispo recusava o rótulo de “artista”, dado o caráter divino de sua tarefa. Mas a potência de sua obra ignora limites e até hoje atravessa fronteiras, transgredindo convenções e levando espectadores de todo o mundo ao encantamento.

A história da “loucura” de Bispo remonta à noite de 22 de dezembro de 1938, quando, aos 29 anos, conduzido por um imaginário exército de anjos, andou pelas ruas do Rio com um destino certo: ia se “apresentar” na igreja da Candelária, no centro. Peregrinou pelas várias igrejas enfileiradas na rua Primeiro de Março e terminou no Mosteiro de São Bento, onde anunciou a uma confraria de padres que era um enviado, incumbido de “julgar os vivos e os mortos”. Detalhes dessa narrativa, meio real meio ficcional, constam de um estandarte bordado por Bispo, uma das belas peças de sua vasta obra, que mistura autobiografia e autoficção. É nesse estandarte que Bispo registra a frase-síntese de sua vida e obra Eu preciso destas palavras – Escrita. A palavra tinha para ele status extraordinário, por isso seus bordados estão repletos de nomes de pessoas, trechos poéticos, mensagens.

O dia 24 de dezembro de 1938 foi um divisor de águas psíquico para Bispo. Era Natal, ele se convertia na figura de Jesus Cristo, mas acabaria sob o domínio da psiquiatria. Interditado pela polícia dois dias após a sua “anunciação”, foi enviado ao Hospital Nacional dos Alienados, na Praia Vermelha, onde rótulos não tardariam a marcar sua ficha: negro, sem documentos, indigente.

* texto de Luciana Hidalgo



Ficha Técnica

Direção Geral - Kadu Veríssimo

Elenco

Priscila Calazans
Gisele Bilote
Cicero Santos
Lucas Oliveira
Juliana Sucila
Wendell Medeiros
Vanúzia Moreira
Renata Carvalho
Junior Brassalotti
Denise Sabrine
Cida Ferreira
Rony Magno
Rafael de Souza





















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